Maio 5, 2017
Dia 28 de abril, histórico em Santa Catarina foi com muita luta por todo o estado, foram rodovias paradas, trabalhadores paralisados, piquetes em portas de fábrica e de bancos. Foi muita mobilização, muito trabalhador parado e muito prejuízo ao grande capital. Toda essa mobilização para protestar contra as reformas sugeridas por Michel Temer do PMDB, que retiram direitos históricos dos trabalhadores.
Para Anna Julia Rodrigues, presidenta da CUT-SC há mais de décadas que os trabalhadores e trabalhadoras não se uniam dessa forma. “Protagonizamos a maior greve da história de Santa Catarina, conseguimos mobilizar trabalhadores de diferentes categorias, do setor público, privado e rural e deixamos o recado para cada político que está votando contra os trabalhadores: nós estamos unidos e paramos o Brasil”.
A avaliação positiva foi unânime entre todas as centrais que estavam na organização. “Junto com movimento social, estudantil e com apoio da igreja católica, o dia 28 de abril foi um dia que entra para a memória de lutas dos trabalhadores catarinenses. Foram semanas e semanas de trabalho que contou com a ajuda de várias lideranças de norte a sul desse estado. Foi uma greve construída nas bases, que os trabalhadores nos receberam de braços abertos e se engajaram conosco. Mesmo aqueles que não puderam parar, manifestaram o seu apoio e depositaram nesse grande dia a esperança de barrar essas reformas ”, destaca Anna.
Cidades fantasmas – Além das mobilizações nas estradas, o movimento grevista parou o transporte público nas principais cidades. Em Florianópolis, Criciúma e Blumenau os motoristas e cobradores ficaram paralisados por 24 horas. Já em Lages, Joinville e Chapecó as garagens e terminais urbanos foram bloqueados no início da manhã por algumas horas.
Com a falta de transporte público as ruas das grandes cidades ficaram vazias e vários estabelecimentos não abrirão suas portas. Em Criciúma, Palhoça e Imbituba parte do comércio local também aderiu à greve e não abriu no dia 28.
Em Florianópolis os poucos comerciantes que abriram as lojas, acabaram fechando no final da manhã. Foi uma cena histórica em que a passeata dos grevistas tomava as ruas e as portas do comércio de Florianópolis se fechavam. “Já fazia quase 30 anos que não víamos uma cena como essa, para nós, representantes dos comerciários, estamos de alma lavada. O comércio é a ponta do capitalismo e a greve só traz resultado quando afeta o capital. Nós conseguirmos nesse dia histórico dar o recado aos patrões que não aceitamos nenhuma retirada de direitos e que será nas ruas que vamos derrotas esses projetos do golpista Temer”, salientou Franscisco Alano, presidente da Federação dos Empregados do Comércio e Serviços de Santa Catarina – FECESC.
Luta em cada pedaço desse estado – As mobilizações não ficaram concentradas somente nas grandes cidades. Vários outros municípios fizeram atos e atividades ou tiveram alguma categoria paralisada.
Nem bem o dia tinha clareado e estradas importantes do estado foram bloqueadas pelos trabalhadores e trabalhadoras. Foram cerca de 25 bloqueios em várias regiões de Santa Catarina. Em Florianópolis vias que dão acesso ao norte e ao sul da ilha catarinense foram bloqueadas. A principal entrada da capital, na BR 101, tido pelos policiais rodoviários como o “coração da BR no estado” também foi tomada por manifestantes por 1 hora e meia.
O oeste foi a região que teve maior registro de trancamento, foram 11 rodovias bloqueadas com concentração nas cidades de Quilombo, Arvoredo, Concórdia, São Carlos, Maravilha, Dionísio Cerqueira, Abelardo Luz, Xaxim, Saltinho, Águas de Chapecó, Faxinal dos Guedes e Planalto Alegre.
No sul do estado houve trancamento da ponte que dá acesso a cidade de Tubarão e também mais três trancamentos na BR 101 nas cidades de Sombrio, Criciúma e Araranguá.
No norte houve trancamentos no trevo industrial na cidade de Joinville, da rodovia estadual em Araquari, da BR 470 em Blumenau e junto com um grupo de indígenas, sindicalistas fecharam também a rodovia que dá acesso a cidade de Jaraguá do Sul. Em Itajaí cerca de 4 mil trabalhadores protestaram em passeata pelas ruas da cidade. Em Balneário não foi diferente. Sindicatos de diferentes categorias se uniram e foram as ruas protestar e dialogar com os demais trabalhadores sobre a gravidade da proposta de retirada de seus direitos.