Outubro 8, 2018
O mestre de capoeira Moa do Katende foi morto com 12 facadas nas costas na madrugada desta segunda-feira (8), em um bar em Salvador, após dizer que tinha votado em Fernando Haddad para a presidente.
O autor do crime, que começou a discussão, manifestou aos gritos seu apoio a Jair Bolsonaro, de acordo com informação oficial a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA).
Katende estava em um bar no bairro Engenho Velho de Brotas por volta das 2h40 desta segunda-feira. A SPP-BA informou que o suspeito chegou ao local gritando o nome de Bolsoraro. A analisar o corpo da vítima, a perícia constatou que foram desferidas 12 facadas na região das costas.
Filha do capoeirista, Somanair dos Santos, 35, conta que recebeu uma mensagem do pai nas primeiras horas da manhã do domingo (7) avisando que iria até sua zona eleitoral. Logo após a meia-noite, ela recebeu uma ligação de um parente avisando sobre o crime. Quando chegou ao local do crime, encontrou o pai ensanguentado e sem vida.
“O homem chegou com os ânimos exaltados e ele (pai) pediu para parar. Já estava tudo aparentemente cessado, mas ele chegou na covardia, esfaqueando meu pai sem defesa alguma. Não teve nenhuma defesa porque era um homem sem maldade”, conta.
Segundo ela, o pai tinha uma viagem marcada para São Paulo nesta segunda. Ela afirmou que o artista se apresentaria com o grupo de afoxé Amigos do Catendê.
Também filha de Moa, Jesse Mahi disse que o pai tinha um comportamento tranquilo e que se mostrava favoráveis às ideias do Partido dos Trabalhadores (PT), mas nunca tinha se envolvido em discussões políticas.
“O legado dele não acabou, existe muito a ser feito. Meu pai era fanático pelo partido, ele nunca foi a favor dos princípios da direita”, disse.
Uma amiga do compositor, Inácia Alves, 51, diz que Moa era um agitador cultural do bairro e que sempre foi preocupado com a conquista das minorias. “Não consigo descrever tanto ódio. É só o começo do que está por vir. Essa atitude representa o partido e suas ideias”, afirmou.
A vice na chapa presidencial do PT, Manuela D’Ávila (PCdoB), lamentou o episódio. “O quadro da intolerância e do ódio: Mestre Moa foi morto em Salvador com 12 facadas por um declarado eleitor de Bolsonaro. Foi morto pq pensava diferente de quem o assassinou. Era defensor da cultura e dos negros e negras e lutava por qualidade de vida para quem mais precisava”, disse ela no Twitter.
Amigos e parentes também lamentaram a morte. Um dos posts afirma que “aguerrido defensor da cultura e do povo negro, sempre a frente pela qualidade de vida da população mais pobre e desfavorecida fará muita falta”. “Meus sentimentos à família desse grande Baluarte da Capoeira! Adeus, Mestre Moa Do Katende! A Capoeira está de luto!!”, escreveu outra pessoa.
Conhecido por posições extremistas, Bolsonaro defende a Ditadura Militar (1964-1985), a pena de morte e o porte de armas para a população.
No dia 1 de setembro deste ano, o presidenciável também simulou “fuzilar” a “petralhada” do Acre.
Fonte: Brasil 247