Outubro 8, 2018
Depois de passar para o segundo turno da eleição presidencial, o candidato do PSL ao Palácio do Planalto Jair Bolsonaro terá a missão de convencer o eleitorado a acreditar nas suas propostas para a retomada do crescimento econômico, dos direitos sociais e para a melhoria na execução dos serviços públicos – o que não aconteceu até agora, pois o liderança nas pesquisas eleitorais, inclusive, neste primeira etapa do pleito é muito mais uma consequência do antipetismo, da indignação ao PT, provocada em grande parte pelo conluio mídia-Judiciário, do que propriamente pela consistência em suas propostas.
Bolsonaro não participou no debate promovido pela Rede Globo, na última quinta-feira (4). Enquanto isso, estava dando entrevista para a Record. Neste segundo turno, o presidenciável do PSL terá a chance de participar de seis debates com Fernando Haddad (PT). O fato é que a chapa encabeçada por Bolsonaro e pelo vice dele, o general Hamilton Mourão (PRTB), fere duramente os direitos dos trabalhadores.
No mês passado, o militar criticou o 13º salário, classificando-o como uma das “jabuticabas” brasileiras. “Como a gente arrecada 12 (meses) e paga 13? O Brasil é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais”, disse ele em palestra no Clube dos Diretores Logistas (CDL) de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Outra proposta que sufoca pobres e a classe média prevê a criação de um imposto de renda único, com alíquota de 20% para todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas. Se a proposta for aprovada, o trabalhador que ganha R$ 1.800, o que ganha R$ 7 mil ou o empresário que fatura R$ 200 mil por mês pagarão o mesmo imposto de renda de 20%. Atualmente, quem ganha até R$ 1.900 está isento do IR no Brasil. A partir daí o IR retido nos salários é cobrado por faixas que vão de 7,5% a 27,5%, cobrados de ganhos a partir de R$ 4.664. Dessa forma, com a proposta da equipe de Bolsonaro, o IR ficaria mais caro para quem ganha menos e menor para os salários ou rendimentos maiores.
O candidato do PSL também já demonstrou suas posições extremistas e que não respeita a democracia. Isso ficou claro, por exemplo, quando ele defendeu o projeto “Cura Gay” – na época ele ainda era do PP: “a maioria é uma coisa, minoria é outra. Minoria tem que se calar” (veja aqui).
Bolsonaro havia dito ainda que pretende acabar com todas as reservas de terra de indígenas e quilombolas (descendentes de escravos que vivem em quilombos). “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”, discursou ele em palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado.
O postulante defende abertamente a pena de morte e o porte de arma da população. Também exaltou o Carlos Brilhante Ustra, ex-chefe do Doi-Codi de São Paulo e torturador na ditadura, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff no dia 17 de abril.
Com posições que desrespeitam negros, pobres, índios e mulheres, e propostas que retiram direitos dos trabalhadores, Bolsonaro terá a difícil tarefa de esclarecer nos debates como pretende retomar o crescimento econômico e os direitos sociais, assegurando a inclusão desses grupos no bem-estar social do País. No entanto, vem demonstrando ser a continuidade da agenda do golpe, que atualmente tem o governo mais impopular da história do País.